QUEM
SOMOS
A cultura sempre foi um espaço de expressão. No Dissidência Def, acreditamos que a arte deve ser um território onde todas as pessoas possam se reconhecer e participar ativamente. Emergimos da necessidade urgente de questionar, tensionar e transformar um cenário cultural historicamente excludente para Pessoas com Deficiência.
Dissidência Def é um coletivo composto por artistas e arte-educadores com deficiência e aliades, fundado em 2022, com o nome Comédia Sentada. O grupo surgiu com o objetivo de expor, de forma leve e humorada, os desafios e preconceitos que Pessoas com Deficiência enfrentam no dia a dia através de um espetáculo de humor de nome “Tá Todo Mundo Rindo?”. O coletivo é composto por artistas de diferentes localidades do Brasil, de diversas deficiências e neurodivergências. O grupo, em 2023, lançou o livro "Tá Todo Mundo Rindo?", escrito por Desiree Helissa Casale em parceria com o elenco, que traça um paralelo entre a história da arte e a vivência das pessoas com deficiência, trazendo reflexões sobre o capacitismo. O coletivo, hoje, realiza oficinas artísticas, formações, mesas e rodas de conversas que abordam acessibilidade, arte e a luta anticapacitista, buscando ampliar a representatividade def no cenário artístico.
Após pouco mais de três anos de atividade, percebemos que o nome "Comédia Sentada" não representava mais todas as nossas ações. Além dos espetáculos de comédia, também oferecemos cursos e oficinas que não têm foco no humor. Atualmente possuímos 6 núcleos, sendo eles o de Artes Visuais, Artes da Cena, Música, Formação, Pesquisa e Política.
A palavra "Dissidência" significa divergência, rompimento ou afastamento de uma ideia, grupo ou sistema dominante. Dessa forma, a escolha desse nome vem da ideia de ruptura com o status quo e resistência às estruturas capacitistas que historicamente marginalizam nossas presenças. O termo "Def" tem sido usado dentro do movimento das pessoas com deficiência, especialmente por artistas e ativistas, como uma forma de abreviação de "deficiente" que foge da carga negativa e capacitista associada ao termo completo, além, também, de ser usado como uma fuga da sigla "PCD" sob o viés de que não nos somos uma sigla. Essa palavra proporciona um sentido de identidade e pertencimento, passa a ser um marcador de identidade política e cultural, reforçando a presença ativa e potente das pessoas com deficiência.
Nossa pesquisa e este coletivo surgem da inadiável necessidade de visibilidade e transformação no cenário cultural. No Brasil, há 18,6 milhões de pessoas com deficiência, sendo que 12 milhões estão fora do mercado de trabalho, segundo o IBGE de 2022. As mulheres com deficiência enfrentam desafios ainda maiores, como a maior dedicação ao trabalho doméstico (18,8% contra 12,2% das mulheres sem deficiência) e salários significativamente menores, recebendo 34% a menos que as mulheres sem deficiência. Além disso, a acessibilidade, embora ainda tratada como um aspecto secundário, é mais precária em bairros periféricos, afetando ainda mais as pessoas com deficiência. Mesmo com esforços, como legendas e libras, a acessibilidade no trabalho e no trajeto do profissional com deficiência, especialmente na cultura, continua negligenciada. Para mudanças reais, é necessário que políticas públicas considerem as intersecções de gênero, classe social, raça e outras questões, além da acessibilidade em todos os aspectos da vida.
Mais do que um espaço de troca, o coletivo é um ato político. Ao reunir artistas defs criamos um ambiente de fortalecimento mútuo e resistência contra a exclusão histórica imposta pelo capacitismo. A acessibilidade na cultura não pode ser um privilégio ou uma concessão, mas um direito essencial para que todas as pessoas possam criar, participar e se reconhecer na arte.
Para possíveis trabalhos, parcerias ou mais informações sobre nossa pesquisa e atuação, entre em contato conosco




